Apresentação
DOI:
https://doi.org/10.54805/RCE.2527-1180.v2.n2.50Resumo
É com regozijo que colocamos à disposição da sociedade em geral, e da comunidade acadêmica, em particular, oito artigos que compõem o segundo volume relativo ao ano de 2018 da Revista Catarinense de Economia (RCE). Nesse número, encontram-se cinco artigos relacionados a socioeconomia do Estado de Santa Catarina e três abrangendo outros espaços econômicos territoriais econômicos. Informa-se, também, que os artigos são de autores com vínculos profissionais diversos, abrangendo os que atuam em institutos de pesquisa, universidades públicas e comunitárias de Santa Catarina, bem como, de universidades de outros estados federativos.
No primeiro artigo intitulado “Reestruturação produtiva e reconfiguração espacial da indústria do vestuário em Santa Catarina: contextualização do tema e indícios sobre o começo do século XXI”, Hoyedo Nunes Lins analisa as transformações produtivas e organizacionais nessa indústria e os reflexos socioeconômicos e espaciais resultantes. Recorre, para tanto, a literatura que aborda o movimento de reestruturação industrial percorrido, a partir dos anos 1990, conjugado com dados oficiais sobre obtidos emprego formal em nível regional, abarcando os anos 2000. Os principais resultados apontam para a descentralização intermunicipal dessa indústria na macrorregião do Vale do Itajaí. Constata-se movimento espacial do emprego, em linha com o deslocamento de empresas para vários municípios, impulsionado por iniciativas de subcontratações ou terceirização de etapas do processo produtivo.
No segundo artigo denominado “Incentivo fiscal como estratégia de desenvolvimento local: um estudo de caso a partir do Programa de Desenvolvimento da Empresa Catarinense (PRODEC)”, Fábio Pádua dos Santos descreve a evolução e a execução desse programa entre 1998 e 2018 e verifica o seu efeito sobre o desenvolvimento local, a partir de indicadores selecionados, com o intuito de avaliá-lo como política de desenvolvimento. Recorre a estatística descritiva e elabora modelo econométrico, a partir de dados da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do governo estadual e por órgãos federais, dentre os quais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Conclui que o PRODEC constitui um programa que impulsiona o desenvolvimento – emprego, renda -, porém direciona-se para municípios industrializados, portanto sem alterar o padrão vigente; além, de privilegiar segmentos industriais de baixa e média densidades tecnológicas.
No terceiro artigo intitulado “Políticas públicas e inclusão social no ensino superior comunitário em Santa Catarina: a Universidade do Extremo Sul Catarinense no período desenvolvimentista (2005-2015)”, Thaise Arnold Policarpo e Alcides Goulart Filho realizam estudo sobre as políticas públicas sociais inclusiva, em especial as relacionadas ao incentivo à educação. O objeto do estudo é a Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) e os programas analisados são o Programa Universidade para Todos (PROUNI), o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), o Artigo 170 do Governo do Estado de Santa Catarina e a Bolsa da Prefeitura Municipal de Criciúma. A pesquisa é de cunho qualitativo, abrangendo dados de 2005 a 2015 fornecidos pela Universidade em estudo. Os resultados apontam que tais fontes de recursos respondem por mais de 30% das receitas e abrangem mais de 50% dos alunos matriculados no nível da graduação. Firma-se, assim, a importância das ações públicas em favor da educação, como instrumento de desenvolvimento.
No quarto artigo nomeado “Consumo colaborativo e valores pessoais: a percepção do consumidor de Florianópolis (Santa Catarina)”, Márcio Gasperini Gomes e Luiz Carlos de Carvalho Junior” buscam identificar a percepção dos consumidores de Florianópolis acerca do consumo colaborativo, como alternativa ao modelo de consumo tradicional. Nesta perspectiva, realiza pesquisa de campo em quatro bairros - Lagoa da Conceição, Centro, Trindade e Continente –, aplicando questionários em uma amostra selecionada de consumidores. Os resultados apontam que os consumidores com renda baixa são os mais propensos a utilizar a prática de consumo colaborativo, em relação aos de renda mais elevadas, cujos valores de status social, prestígio pessoal e riqueza material imperam. Assim como, evidencia que região, cujos consumidores são mais abertos às mudanças e demonstram menor conservadorismo, apresentam índices maiores de propensão ao consumo colaborativo.
No quinto artigo, denominado “Evolução do abate de suínos em Santa Catarina (2013/2018): entre a consolidação e a concentração agroindustrial”, Alexandre Luis Giehl e Marcia Mondardo identificam e analisam o grau de concentração e a evolução do setor de abate de suínos em Santa Catarina. Para tanto, utilizam dados de período recente, 2013/2018, obtidos junto a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina. Os autores concluem que a agroindústria suinícola catarinense possui elevado grau de concentração fruto da concentração e especialização na produção de animais e a concentração no abate e processamento. No rastro do aumento no nível da produtividade e da eficiência produtiva decorrentes, trouxe a exclusão dos segmentos, tanto produtor quanto industrial, que não lograram êxito no atendimento do padrão concorrencial estabelecido.
No sexto artigo, intitulado “Desemprego na região metropolitana de Curitiba: uma análise de sua duração entre 2003-2013”, Bruno Wroblevski e Marina Silva da Cunha procuram demonstrar os fatores que influenciam o desemprego na região da capital do Estado do Paraná. Utilizam como procedimento metodológico, microdados longitudinais da Pesquisa Mensal do Emprego e os resultados são analisados a partir de estimadores paramétrico e não-paramétrico. Concluem que um trabalhador homem chefe de família e com menor faixa etária no mercado de trabalho formal, possui maiores condições de sair da situação de desempregado para a de empregado. Assim como, diferente do esperado, as variáveis raça e educação não apresentam impacto significativo na duração do desemprego na região em estudo.
O sétimo artigo, nomeado “Aglomerações, recessão e crescimento do emprego: uma análise para os municípios brasileiros”, de Cristina Rafael Pelizza e Sabino da Silva Pôrto Junior tem o propósito de analisar o impacto das crises econômicas sobre o crescimento do emprego nos municípios brasileiros, sob a perspectiva do nível de aglomeração econômica. Para atender tal propósito, os autores recorrem a dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística para aplicação em modelo de análise em painel, referente ao período de 2003-2011. Dentre as conclusões do trabalho, destaque para o resultado que aponta o impacto mais severo da crise econômica, em especial a de 2008, para os municípios de menor aglomeração. Da mesma forma, o resultado que sinaliza a importância da qualificação do trabalhador em municípios que têm especialização industrial ou setorial para a geração e manutenção do emprego, mesmo em período de crise econômica.
E, por fim, o oitavo artigo, intitulado “Estado e catching up: 40 anos de evolução estratégica estatal e seus resultados ao sistema nacional de inovações da China”, de João Leonardo Akihito Mitsuse e Pablo Felipe Bittencourt tem como propósito analisar a evolução da capacidade inovadora do sistema de inovação chinês, diante das estratégias adotadas pelo Estado nas últimas quatro décadas. Para tanto, utilizam-se de referências bibliográficas que tratam das mutações nas capacitações tecnológics e mudanças empresariais, em linha com as estratégias adotadas. No tocante aos dados, recorrem da base disponibilizada pela China Statistical Yarbook. Os resultados apontam decisões corretas adotadas pelo Estado, alterando rumos em direção à construção de um sistema de inovação, que gradativamente passa da capacidade imitativa para geração de inovações incrementais e radicais. Nessa linha, são empreendidas, reformas institucionais – leis, normas e incentivos - e organizacionais – reformulações de empresas, universidade e institutos de pesquisa, sustentadas em planos de desenvolvimento contínuo e intencionalmente dirigido pelo Estado.
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