REESTRUTURAÇÃO ECONÔMICA-FINANCEIRA E ORGANIZACIONAL DO FUTEBOL CATARINENSE: O CASO DO FIGUEIRENSE FUTEBOL CLUBE
DOI:
https://doi.org/10.54805/RCE.2527-1180.v5.n2.117Palavras-chave:
Esporte, Clube-empresa, NegóciosResumo
futebol representa um dos esportes mais populares do mundo com amplas possibilidades de exploração econômica. Portanto, sua cadeia produtiva envolve entidades reguladoras (federações, FIFA), fornecedores, grupos de mídia, empresários e agentes, bem como os torcedores-consumidores. É, a partir da década de 1970, que se observa um crescimento dos negócios associados ao futebol conforme se desenvolviam os meios de comunicação, aumentavam as transferências de futebolistas e as empresas investiam no marketing esportivo. Nesse sentido, existem diversas possibilidades de investigação sobre o futebol incluindo os modelos de negócios (franquias, licenciamento, terceirização, por exemplo); as relações entre clubes de futebol, investidores, empresários e instituições financeiras; o papel da tecnologia para as novas formas de torcer (mídias digitais, canais próprios, plataformas de streaming); os fluxos de transferências de jogadores, a implementação das Sociedades Anônimas de Futebol (SAF) no Brasil, entre outros. Esta última, lei homologada em 2021, representa uma nova possibilidade para reorganização dos clubes brasileiros, muitos deles assolados por dívidas e históricos de má gestão. Sendo assim, esse texto objetivou apresentar e discutir as etapas de reestruturação administrativa e econômico-financeira do Figueirense F.C., de Santa Catarina. Foram identificadas três fases distintas e complementares para as mudanças de gestão do clube catarinense. A primeira, ainda no final dos anos de 1990, levou a criação da Figueirense Participações e Gestão Desportiva S.A. conforme orientações da Lei Pelé que previam a conversão dos clubes em empresas. Posteriormente, foi constituída a Figueirense Futebol Clube Ltda. com a pretensão de captar investidores no mercado. No caso, a Elephant Participações Societárias S/A., empresa administrada por Cláudio César Vernalha Abreu de Oliveira, obteve controle sobre 95% do seu capital, enquanto outros 5% das cotas permaneceram com o Figueirense F.C, ou seja, a associação. Sem muito êxito e com diversos problemas que levaram, inclusive, ao decesso do clube para terceira divisão do Campeonato Brasileiro, a parceria teve fim em 2020. Já na última etapa foi identificada a formação da Figueirense F.C. SAF em 2021 que, entre outros, representa o retorno de gestores da Figueirense Participações e Gestão Desportiva S.A. Com suas particularidades quanto à organização da gestão e resultados alcançados, nota-se que esses processos distintos tornaram o clube florianopolitano um caso diferenciado. A base metodológica da pesquisa pautou-se na abordagem exploratória e empírica-analítica com levantamento de material bibliográfico e documental. As principais fontes de pesquisa foram teses e publicações sobre o tema, assim como os sites do Figueirense F.C. e de empresas de consultoria esportiva.
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