Reestruturação produtiva e reconfiguração espacial da indústria do vestuário em Santa Catarina
contextualização do tema e indícios sobre o começo do século XXI
DOI:
https://doi.org/10.54805/RCE.2527-1180.v2.n2.40Keywords:
Vale do Itajaí (SC); indústria do vestuário; mudanças produtivasAbstract
As atividades de produção do vestuário perfilam-se entre as mais antigas da história, e os processos que lhe dizem respeito, quer crescimento ou declínio, quer mudanças tecnológicas ou organizacionais, têm importantes reflexos socioeconômicos e espaciais, como a observação histórica permite constatar. No Brasil, o Vale do Itajaí sobressai no complexo têxtil-vestuário, a reboque de trajetória mais que secular no tocante à consolidação da presença das respectivas práticas. Nos anos 1990, as transformações regulatórias vivenciadas no país resultaram em processos de reestruturação nessas indústrias, refletindo-se, entre outras coisas, em aprofundamento da subcontratação/terceirização que implicou capacidades de trabalho e produção situadas inclusive no meio rural da região. O artigo explora essas questões com vistas a indagar sobre o quadro que se desenha nas duas primeiras décadas do século XXI. Utilizando dados de empregos formais, concentra-se a atenção particularmente na Microrregião de Blumenau, a mais fortemente destacada nas atividades têxteis e do vestuário, entre as quatro que formam a Mesorregião do Vale do Itajaí.
Downloads
References
AMORIM, E. R. A. No limite da precarização?: terceirização e trabalho feminino na indústria de confecção. 2003. 238 f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003.
AZMEH, S.; NADVI, K. Asian firms and the restructuring of global value chains. International Business Review, v. 23, n. 4, p.708-717, 2014.
BAHR, O. G. Dilemas da subcontratação: os limites da “redução de custos” das grandes empresas do complexo têxtil-vestuário de Blumenau. 2012. 114 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional) – Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2012.
BENETTI, E. Costa Rica Malhas inaugura fábrica em Canelinha. NSC Total, S.l, S.p, 22 nov. 2018. Obtido em: <https://www.nsctotal.com.br/colunistas/estela-benetti/costa-rica-malhas-inaugura-fabrica-em-canelinha> Acesso em: 5 dez. 2018.
BRANDÃO, V. A enchente que não acabou. Expressão, n. 77, p. 24-31, 1997.
BRAUDEL, F. Civilização material, economia e capitalismo – séculos XV-XVIII. V. 2: Os jogos das trocas. São Paulo, 1998.
BRESCIANI, L. P. Flexibilidade e reestruturação: o trabalho na encruzilhada. São Paulo em Perspectiva, v. 11, n. 1, p. 88-97, 1997.
CALEFFI, V. M. Reestruturação produtiva na indústria do vestuário e as implicações para a qualificação dos trabalhadores. 2008. 150 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008.
CIETTA, E. A revolução do fast-fashion: estratégias e modelos organizativos para competir nas indústrias híbridas. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2010.
CONCLA – Comissão Nacional de Classificação; IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Rio de Janeiro: IBGE, 2002. Obtido em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv1358.pdf> Acesso em: 12 dez. 2018.
CORRÊA, M. K. A indústria de confecção e as implicações sócio-espaciais recentes no município de Brusque. 2006. 156 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.
COSTA, A. C. R. da; ROCHA, Érico R. P. da. Panorama da cadeia produtiva têxtil e de202, 2009.confecções e a questão da inovação. BNDES Setorial, n. 29, p. 159-0
COUTINHO, L. A terceira revolução industrial e tecnológica. Economia e Sociedade, n. 1, p. 69-87, 1992.
COUTINHO, L. G.; FERRAZ, J. C. (Coords.). Estudo da competitividade da indústria brasileira. 2.ed. Campinas: Papirus; Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1994.
DINIZ, P. Vigiar e consumir. Folha de S. Paulo, p. C1 e C3, 7.maio.2017.
ENGELS, F. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Global, 1985.
FERNANDEZ-STARK, K.; FREDERICK, S.; GEREFFI, G. The apparel global value chain: economic upgrading and workforce development. Durham: Duke University Center on Globalization, Governance and Competitiveness, Nov. 2011. Obtido em: <http://www.cggc.duke.edu/pdfs/2011-11-11_CGGC_Apparel-Global-Value-Chain.pdf> Acesso em: 10 jul. 2014.
FREITAG, K. C.; BRANDÃO, L. As transformações no mundo do trabalho em Blumenau/SC: a gestão dos benefícios sociais. In: II JORNADA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS, Criciúma: Universidade do Extremo Sul Catarinense 3 e 4 set. 2018. Obtido em: http://periodicos.unesc.net/seminariocsa/article/view/4843 Acesso em: 09 jan. 2019
FRONZA, C. S. A exploração do trabalho no processo de quarteirização no setor têxtil-vestuário em Blumenau/SC. 2017. 248 f. Tese (Doutorado em Serviço Social) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2017.
GEREFFI, G.; GARCIA-JOHNSON, R.; SASSER, E. The NGO-Industrial Complex. Foreign Policy, p. 56-65, July 2001.
GORZ, A. Métamorphoses du travail, quête du sens: critique de la raison économique. Paris: Galilée, 1988.
GOULARTI FILHO, A. Formação econômica de Santa Catarina. Florianópolis: Cidade Futura, 2002.
HENSCHEL, R. O. O setor têxtil-vestuarista de Brusque diante das mudanças econômicas dos anos 1990: uma abordagem à luz da noção de eficiência coletiva. 2002. 116 f. Dissertação (Mestrado em Economia) – universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.
HERING, M. L. R. Colonização e indústria no Vale do Itajaí: o modelo catarinense de desenvolvimento. Blumenau: Editora da Universidade Regional de Blumenau, 1987.
HOBSBAWM, E. J. Mundos do trabalho. 2.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Divisão regional do Brasil em mesorregiões e microrregiões geográficas. V. I. Rio de Janeiro: IBGE, 1990. Obtido em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/DRB/Divisao%20regional_v01.pdf> Acesso em: 30 dez. 2018.
IBGE – IINSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Blumenau. S. l., S. d.a Obtido em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/blumenau/panorama> Acesso em: 30 dez. 2018.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Sinopse do Censo Demográfico 2000 – Santa Catarina. S.l., S.d.b Obtido em: https://censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?dados=1&uf=42 Acesso em: 30 dez. 2018.
JINKINGS, I. Reestruturação produtiva e emprego na indústria têxtil catarinense. 2002. 120 f. Dissertação (Mestrado em Sociologia Política) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.
JURGENFELD, V; LINS, H. N. A projeção asiática da indústria têxtil e vestuarista catarinense nos anos 2000: estudo sobre três experiências no Vale do Itajaí. Textos de Economia, v. 13, n. 2, p. 11-34, 2010.
KROST, O. Trabalho em “facções” na indústria têxtil/vestuário em Blumenau/SC: alinhavando contornos da reestruturação produtiva. 2015. 149 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional) – Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2015.
LAZERSON, M. H. Subcontracting in the Modena knitwear industry. In: PYKE, F.; BECCATINI, G.; SENGENBERGER, W. (Eds.). Industrial districts and inter-firm cooperation in Italy. Geneva: International Institute for Labour Studies, 1990, p. 108-133.
LINS, H. N. Clusters industriais, competitividade e desenvolvimento regional: da experiência à necessidade de promoção. Estudos Econômicos, v. 30, n. 2, p. 233-265, 2000a.
LINS, H. N. Reestruturação industrial em Santa Catarina: pequenas e médias empresas têxteis e vestuaristas catarinenses perante os desafios dos anos 90. Florianópolis: Editora da UFSC, 2000b.
LINS, H. N. Cooperativas de trabalhadores: opção frente à crise do emprego ou aspecto da crescente precariedade do trabalho? Nova Economia, v. 11, n. 1, p. 39-75, 2001.
LINS, H. N. Aprendizagem e inovação em uma área de produção confeccionista no sul do Brasil. In: SBRAGIA, Roberto; STAL, Eva (Eds.). Tecnologia e inovação: experiência de gestão na micro e pequena empresa. São Paulo: PGT/USP, 2002, p. 3-25.
LINS, H. N. Chips & sweating system: metáforas para a reestruturação produtiva. Ensaios FEE, v. 24, n. 1, p. 151-176, 2003.
LUPATINI, M. P. As transformações produtivas na indústria têxtil-vestuário e seus impactos sobre a distribuição territorial da produção e a divisão do trabalho industrial. 2004. 168 f. Dissertação (Mestrado em Política Científica e Tecnológica) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2004.
MAMIGONIAN, A. Estudo geográfico das indústrias de Blumenau. Revista Brasileira de Geografia, v. 27, n. 3, p. 389-481, 1965.
MAMIGONIAN, A. Indústria. In: Atlas de Santa Catarina. Florianópolis, Gabinete de Planejamento e Coordenação Geral de Santa Catarina, 1986, p. 104-106.
MANTOUX, P. La revolución industrial em el siglo XVIII. Madrid: Aguilar, 1962.
MARX, K. Le capital. Paris: Editions Sociales; Moscou: Editions du Progrès, 1982.
MAYER, F.; GEREFFI, G. Regulation and economic globalization: prospects and limits of private governance. Business and Politics, v. 12, n. 3, 2010. Obtido em: http://www.bepress.com/bap/vol12/iss3/art11 Acesso em: 10 jul. 2014.
METZGER, C. O lavrador-operário de Guabiruba. Guabiruba: Prefeitura Municipal, 1988.
OFFE, C. Trabalho: a categoria-chave da sociologia? Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 10, v. 4, p. 5-20, 1989.
PETRY, S. M. V. A fibra tece a história: a contribuição da indústria têxtil nos 150 anos de Blumenau. Blumenau: SINTEX, 2000.
RAIS – RELAÇÃO ANUAL DE INFORMAÇÕES SOCIAIS. Brasília, D.F.: Ministério do Trabalho, S.d. Obtido em: <http://bi.mte.gov.br/bgcaged/rais.php> Acesso em: 15 dez. 2018.
RODOLFO, F. Santa Catarina: desenvolvimento, desigualdades regionais e ação do Estado no início do século XXI. 2016. 294 f. Tese (Doutorado em Economia) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016.
SIMÕES, R. Métodos de análise regional: diagnóstico para o planejamento regional. In: DINIZ, Clélio C.; CROCCO, Marco (Orgs.). Economia regional e urbana: contribuições teóricas recentes. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006, p. 269-297.
TRICHES, G. P.; TAMBOSI, M.; POLEZA, M. M.; CASAROTTO FILHO, N. Competitividade sistêmica do polo de confecções de jeans na região de Rio do Sul – SC – Brasil. S.l.: 2002. Obtido em: < http://portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links/textil_vestuario/2002%20Textil_Jeans_RiodoSul_Resumo.pdf> Acesso em: 12 jan. 2019.
WALLERSTEIN, I. El moderno sistema mundial: la agricultura capitalista y los orígenes de la economía-mundo europea en el siglo XVI. México, D.F.: Siglo Veintiuno, 1979.
WALLERSTEIN, I. El moderno sistema mundial: el mercantilismo y la consolidación de la economía-mundo europea – 1600-1750. México, D.F.: Siglo Veintiuno, 1984.
WALLERSTEIN, I. El moderno sistema mundial: la segunda era de gran expansión de la economía-mundo capitalista – 1730-1850. México, D.F.: Siglo Veintiuno, 1998.
WIKIPEDIA. Mesorregião do Vale do Itajaí. S.l., S.d. Obtido em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Mesorregi%C3%A3o_do_Vale_do_Itaja%C3%AD#/media/File:SantaCatarina_Meso_ValedoItajai.svg> Acesso em: 22 dez. 2018.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
When submitting an article, the authors retain the copyright and grant the journal the right of first publication. Authors are authorized to enter into additional contracts separately, with acknowledgment of authorship and initial publication in this journal.